sábado, 22 de maio de 2010

...Reticências...

Sinceramente eu não sei o que postar hoje...
Tava relendo um livro que ganhei de um grande amigo meu.
The haiku anthology é nome do livro.
Pra quem não sabe, haiku é um tipo de arte literária japonesa.
O livro é composto por poemas de três ou quatro linhas no máximo, cujo tema principal são coisas do cotidiano, que muitas vezes nos passam batidas.
Sempre que leio esse livro me apego a dois poemas:
1- "mirror my face where I left it"
2- "an old elevator
opens
closes"
O porque de sempre me apegar a esses dois poemas eu sinceramente não sei bem dizer... Penso muito neles. O primeiro acho que é pelo fato de que verdadeiramente a gente só ve a nossa face, a verdadeira face, quando estamos diante de um espelho.
Digo isso pelo fato de que quando não estamos na frente do espelho, podemos assumir qualquer face que nos seja conveniente. Aposto ainda, que todos ajamos dessa forma. Cada situação pede/requer uma face no nosso rosto, por mais que por dentro não estejamos sentindo absolutamente nada...
Partindo dessa premissa, o espelho se transformou no maior inimigo do ser humano, pois, pela sua estaticidade, veracidade e composição, ele simplesmente nos mostra quem nos realmente somos, eis que, ainda que tentemos, à sua frente, fazer/assumir outras faces, ele sempre vai nos mostrar a que é verdadeira.
Uns já sacaram isso e acabaram por transformar o espelho em seu confidente, naquele em quem se pode confiar para mostrar o verdadeiro ser, ou aquele em quem se pode confiar para simplesmente sermos...
Outros tem raiva do espelho justamente por causa disso e o evitam.
Outros estão tão cheios de sí, tão encantados com as faces que assumem no dia a dia, que já não enxergam a verdadeira face que é mostrada no espelho e acabam por ficar hipnotizados pela ilusão que eles mesmos criam.
Outros, por sua vez, já estão tão conformados que nem reparam no seu próprio reflexo.
Existem ainda, aqueles que morrem de medo do espelho justamente por terem medo de quem realmente são.
Me atrevo a dizer que não existe mácara nenhuma nesse mundo que resista muito tempo na frente do espelho.
O segundo acredito que é pelo fato de que ele se parece muito com a vida nos dias de hoje...
A gente nasce, cresce, amadurece, envelhece e morre (sendo bem básico).
Evidentemente que durante esse processo diversas coisas acontecem, todavia, as coisas estão ficando cada vez mais mecânicas.
Até as supostas supresas estão ficando mecânicas.
É como se tudo já estivesse planejado desde o início, passo a passo, acontecimento por acontecimento, reação por reação, ação por ação, e nós só estivéssemos aqui para cumprir tabela, pois sem esse suposto elemento racional, possuidor de uma alma, as coisas ficam incompletas. A máquina fica defeituosa.
A grande questão é se nós estamos no comando dessa máquina, eis que sem a nossa existência, ela não pode existir, ou é ela que está no nosso comando, posto que estamos em constante estado de dormência, torpor, obscurecimento, sempre voltados pra nós mesmos, que não vemos (e quando vemos não percebemos) as coisas como elas são?
As vezes vivemos toda uma vida da mesma forma, sem nunca mudar nada, arriscar nada, fazer nada de diferente do que está na planilha até o dia de nossa morte.
Isso remete ao poema. Um elevador antigo (velho se preferir) sobe e desce. Ora! Essa sempre foi a função do elevador. Não existe outra coisa que ele possa fazer, e, ainda velho, é o que ele vai fazer até que não mais funcione. Isso vale para gente. Apesar de poder e termos milhões de coisas para fazer, nos acomodamos com a planilha e fazemos só o que está nela. Fugir dela é loucura. Ela criou o cotidiano mecanizado. Todavia, ela foi criada por nós mesmos, e, assim sendo, nós criamos o cotidiano mecanizado. Nós criamos a nossa própria prisão. Nós nos colocamos nesse constante estado de dormência e torpor que nos encontramos. E aposto que ninguém saiba ao certo porque fizemos isso.
Tem gente, assim como o elevador antigo, que nunca muda, que passa a vida inteira fazendo a mesma coisa.
Hoje em dia, vemos, quando vemos, mas não percebemos.
Não interpretamos.
Não sentimos.
O elevador pelo menos tem a desculpa de ser um elevador, um mero objeto sem alma e sem raciocínio.
Mas e nós? Qual é a nossa desculpa?
Posso afirmar que tenho me esforçado bastante para sair desse estado de torpor, mas a cada dia que passa, a cada nova lição aprendida, vejo o quão imerso eu estou nesse estado.
O processo de reconhecimento é bastante longo e em algumas ocasiões e situações, bastante doloroso.
Quem ler, que enteda.


Pra terminar a letra de uma música que retrata como eu me sinto de vez em quando:


My Skin - Natalie Merchant.

Take a look at my body
Look at my hands
There's so much here, that i don't understand

Your face-saving promises
Wishpered like prayers
I don't need them

'Cause I've been treated so wrong
I've been treated so long
As if I'm becoming untouchable

Well, contempt loves the silence
It thrives in the dark
With fine Winding Tendrils
That strangle the heart
They sey that the promises sweeten the blow
But I don't need them
No, I don't need them

I've been treated so wrong
I've been treated so long
As if I'm becoming untouchable

I'm the slow-dying flower
In the frost-killing hour
Sweet turning sour and untouchable

I need the darkness, the sweetness
The sadness, the weakness
Oh, I need this
I need a lullaby, a kiss of goodnight
Angel, sweet love of my life
Oh, I need this

Do you remember the way
That you touched me before?
All the trembling sweetness
I loved and adore

Your face-saving promises
Wishpered like prayers
I don't need them

I need the darkness, the sweetness
The sadness, the weakness
Oh, I need this
I need a lullaby, a kiss of goodnight
Angel, sweet love of my life
Oh, I need this

Well, is it dark enough?
Can you see me?
Do you want me?
Can you reach me?
Oh, I'm leaving

Better shut your mouth
And hold your breath
You kiss me now
You cacth your death
Oh, I mean this

Oh, I mean this.













...Reticências...

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